Tem desenhos para todos os gostos

Deborah Miranda, diretora comercial da livraria Fox, em Belém, diz que o volume de vendas dos livros de colorir é absurdo. “Contamos atualmente com 15 títulos desta natureza e o modelo se tornou tão popular que já começam a surgir novos gêneros, como livros só com desenhos de gatos, super-heróis, um especial para o Dia dos Namorados... Existem ainda os que foram adaptados de livros já famosos, como ‘O Pequeno Príncipe’.

Isso mostra que as editoras estão querendo disponibilizar cada vez mais aquilo que as pessoas sentem vontade de pintar. Em 60 dias acredito que saltaremos para 20 títulos disponíveis”, diz.

E os temas segmentados não param mesmo de crescer. Para os que preferem temas mais apimentados, há, por exemplo, o “Suruba Para Colorir” (editora Bebel Books), que se autointitula “o único livro de colorir para adultos não recomendado para crianças”. Já a editora gospel Thomas Nelson está preparando o “Jardim do Éden”, com ilustrações que remetem a cenários do livro bíblico de Gênesis, incluindo a história de Adão e Eva.

Entre os favoritos de Auxiliadora, está o livro que deu origem a essa nova mania, o “Jardim Secreto”, com ilustrações criadas pela escocesa Johanna Basford. Lançado no Brasil em novembro do ano passado, ele já teve mais de 300 mil exemplares vendidos e doze reimpressões até o início deste mês. No mundo, foram mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos.

“É claro que houve o impulso pela chegada dos Dias das Mães, mas os livros de colorir foram os principais responsáveis por esse aumento. E isso continua”, diz Deborah.

Muitos clientes da livraria estão aguardando pela chegada de livros deste segmento que já esgotaram ou que ainda serão lançados. O mais vendido na Livraria da Fox, confirma a diretora comercial, é o livro que deu início à moda, o “Jardim Secreto”, seguido do segundo livro de Johanna Basford,

“Floresta Encantada”, lançado no início de maio e que também já se encontra esgotado. “Em cerca de dois meses, a livraria vendeu mais de 500 exemplares entre os títulos ofertados”, aponta.

Junto aos livros, outro objeto também ganhou destaque e aumento de vendas: o lápis de cor. “Antes esse era um segmento que só tinha grandes vendas na volta às aulas. Agora as pessoas estão começando a se interessar também pela variedade deles, se preferem aquarelados ou não, metalizados, com mais opções de cores, etc. Acho bacana e incentivo.

Vejo também que quem começa, logo procura outros livros e formatos. Os idosos buscam daqueles que o desenho é mais amplo, pela falta de coordenação e a visão mais baixa. Vejo mãe comprando para ela e a filha fazerem juntas. E muita gente jovem querendo fazer curso para aprender técnicas diferentes de desenho”, diz.

Os números do mercado confirmam o que Deborah diz: a Faber-Castell, maior fabricante de lápis do mundo, anunciou que no mês de abril vendeu cinco vezes mais lápis de cor do que em relação ao mesmo mês de 2014.

E Deborah completa que, mais que um passatempo trivial, esta moda pode expandir o olhar das pessoas. “Não digo que esta febre criará artistas, mas pode abrir os olhos das pessoas para o trabalho destes, fazendo as pessoas se interessarem mais por desenho e pintura”, projeta. É o que acredita também a ilustradora Renata Segtowick.

“Esses livros são legais como exercício de criatividade. Acredito que todo mundo tem – em maior ou menor grau – a necessidade de realizar uma atividade artística. Serve também para desinibir quem acha que não sabe desenhar. As pessoas podem não sair artistas, mas com alguma sensibilidade para a arte”, destaca.

(Diário do Pará)