Ex-ídolos remistas opinam sobre \'caça-Rato\'

Robinho: torcida está do lado e Caça-Rato tem que aproveitar para corresponder

Ser ídolo em um clube de massa não é para quem quer. É para quem pode. No início dos anos 2000, o Clube do Remo vivia uma fase boa, estava no segundo escalão do futebol nacional e entrava no módulo amarelo confiante. Uma das novidades trazidas pelo técnico Joãozinho era o atacante Robinho, que, até então, não passava de uma promessa. A primeira impressão não foi das melhores.

“Eu cheguei no final do regional e eu lembro que no primeiro jogo que fiz, eu fui expulso, a torcida ficou meio desconfiada”, recorda. O olhar atravessado, contudo, durou pouco. Diante do maior rival nascia um ídolo.

O primeiro Robgol do Pará virou eterno e marcou época ao fazer três gols em um só Re-Pa. Desde lá, ninguém chegou perto.Robinho, ao contrário de Caça-Rato, não chegou carregado.

Ao contrário. Construiu uma carreira. E sobre o novo aspirante, ele é bem claro. “O Caça-Rato vai carregar essa responsabilidade por seguir a tradição do Alcino, Bira, eu e tantos outros. E sem ter visto ele jogar, isso dá uma tranquilidade para ele, sabendo que a torcida está do lado. Vai depender do desempenho dele com gol, para ver se realmente vai cair nas graças. A torcida quer ver gols, principalmente nos clássicos”, acredita.

Além disso, Robinho diz que o ídolo precisa ter, além do faro de gol, dedicação, principalmente no atual cenário do futebol. “Na semana de clássico, a torcida sempre comparecia para ver os treinos e via a minha dedicação.

Isso fez com que eu fosse premiado com gols”, pondera, sem esquecer que o grupo, para a pretensão de qualquer atacante, é tão fundamental quanto a bola de jogo.“O centroavante depende dos companheiros e isso corresponde à postura do time em campo. Eu tinha o Balão, que era meu companheiro de ataque e nos entendíamos.

Depende dos atletas e como o treinador vai montar o grupo. Se tiver oportunidade e aproveitar, é uma coisa, outra é quando não aproveita. Se ele for competente, vai cair nas graças”.

Rei Artur: ‘Fenômeno Caça-Rato’ é motivado por ‘carência’

Para a torcida azulina, apenas dois esportistas são dignos de receber o maior dos elogios designados a um soberano naquilo que fez.

O primeiro, a nível mundial, foi Pelé; o segundo, no coração dos remistas, é Artur, o camisa 10 que encantou uma geração inteira e deu o pontapé inicial de uma era vitoriosa que, em 10 anos, deu quase todas as taças do estadual ao Leão Azul.

A era do “Rei Artur” foi no início dos anos 1990. Desde então, é lembrado por onde passa. Tamanha identificação, segundo ele, talvez explique o fenômeno Caça-Rato. “Eu vejo esse lado muito pela carência. Há muito tempo que o Remo não tem um grande jogador que faça a diferença. Para você ver, ele não deu um chute e já tem esse tratamento de ídolo”, opina.

Para ele, muito disso se deve ao marketing pré-contratação, mas o trabalho vai muito além da chegada. “Foi uma contratação muito comentada: vinha, não vinha, acho que é mais por isso, mas ele terá a oportunidade de conquistar a torcida. Ela é exigente e se não confirmar essa expectativa, a cobrança será inversa, mas do mesmo tamanho”, observa, com um exemplo claro e recente sobre os riscos que Caça-Rato corre.

“No ano passado, o Remo viveu a mesma coisa com o camisa 33. Quando o Eduardo foi contratado, achei ótimo pela qualidade dele, mas devido as cobranças, a responsabilidade sem ele ter pedido isso, acabou atrapalhando demais.

Acredito que ele volte esse ano mais maduro, sem esse peso que foi. Já o Flávio tem que procurar se condicionar psicologicamente e fisicamente para aguentar a pressão. No geral, confio muito que será um bom ano para o Remo”, encerra.

(Diário do Pará)