“Não tenho bola de cristal, mas previa que isso ia acontecer”. Esta foi a primeira frase que o vereador Carlos Augusto (DEM) disse ao ouvir que, infelizmente, não seria possível instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Macrodrenagem, quarta-feira (30), durante sessão ordinária da Câmara Municipal de Belém (CMB).
Segundo explicou o presidente da casa, Raimundo Castro (PTB), existem outras cinco investigações na frente aguardando para serem oficializadas. “Essas CPIs foram esquecidas pelos próprios vereadores e ficaram no jurídico da casa. Hoje (ontem), enquanto reunia os documentos necessários para instalar a comissão requerida pelo parlamentar Augusto Pantoja (PPS), fui surpreendido com essas pendências”, justificou Castro.
Indignado, o petista Otávio Pinheiro foi um dos primeiros a criticar o anúncio. “Como se guardam várias CPIs por anos, não as instalam e deixam engavetadas só para garantir que quando venha uma investigação desfavorável elas impeçam?”, questionou. Mais exaltado, ele recriminou a postura do presidente da casa e a suposta “amoralidade” que lá se instalara. “Isso é improbidade administrativa. É algo muito sério”, ratificou.
Outros parlamentares da oposição também integraram o coro de reclamação.“É um golpe baixo, sórdido. É uma manobra política para impedir a punição de um crime grave. Enquanto Belém está podre de lixo, Duciomar está podre de rico”, repetiu Pantoja algumas vezes.
Segundo José Scaff (PMDB), a atitude da mesa diretora menospreza a inteligência da população. “Que coincidência foi essa? Em um dia o presidente garante que vai instalar a CPI e no outro descobre um impedimento? Algumas dessas propostas são graciosas e perderam completamente o objeto. É algo descabido e feito de forma proposital”, disse.
Estas CPIs “esquecidas” são de 2009 e só podem ser retiradas da CMB se o autor fizer o pedido ou se houver votação dos vereadores para decidir se a validade destas CPIs está expirada.
TELEFONE
Rebatendo as acusações de que a ação foi uma manobra política do prefeito Duciomar Costa, Castro se dispôs a mostrar o telefone celular para provar que não tivera contato com ninguém. “Estamos trabalhando na maior lisura possível. Ninguém com interesse contrário na investigação me procurou”, garantiu. Fora o presidente da casa, os vereadores da situação não se manifestaram sobre o assunto, dando ênfase aos processos da pauta.
“Tenho experiência no Legislativo. Estava achando estranho a CPI sair. Se essa investigação ocorrer há indícios inclusive para impeachment do atual prefeito”, opinou Carlos Augusto. Autor da proposta, Pantoja disse que recorrerá às instâncias internas e à Justiça, através de mandado de segurança, para garantir a instalação da CPI.
(Diário do Pará)
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