Tarifa de ônibus aumenta em Ananindeua

A Secretaria de Transporte de Ananindeua informou ontem que o município aderiu ao valor de R$ 2,20 para a passagem de ônibus, também a partir de ontem. A secretaria esclareceu, entretanto, que esse reajuste só é válido para as linhas metropolitanas. As linhas internas continuam com o valor de
R$ 1,85.

Ainda na parada de ônibus, em Belém, a autônoma Rosângela Souza já tinha separado nas mãos os R$2,20 necessários para pagar o primeiro dos quatro transportes que precisa pegar diariamente para chegar e voltar do local de trabalho. O acréscimo de R$0,20 aos R$2 pagos anteriormente pelo transporte público já era esperado por ela ontem, dia em que a nova tarifa passou a vigorar em Belém e Ananindeua. As reclamações foram muitas. “É um absurdo. Não faz muito tempo que essa passagem aumentou e agora de novo”.

Preocupada em como ficaria o orçamento da família nos primeiros dias de nova tarifa, já que a maioria dos familiares ainda não havia recebido no primeiro dia do mês, ela não concorda com o aumento publicado no Diário Oficial. “Vamos ter que mexer mais uma vez na economia da família”, acredita. “Vamos ter que ver de onde vamos tirar esse dinheiro”.

Já sentada na parte de trás de um ônibus que seguia em direção ao Entroncamento, a dona de casa Ana Leitícia Lopes da Silva também reclamava. Mesmo já tendo pagado a passagem com o novo valor, ela ainda não havia se conformado com o aumento. “Isso é injusto porque vai mexer com o orçamento do trabalhador”, preocupava-se. “Hoje de manhã eu já tive que separar esse dinheiro a mais”.

Para a estudante Rarissa Rodrigues, o problema maior está na má qualidade dos veículos. Ela, que precisa ir de Benevides a Belém todos os dias, o atual valor da passagem de ônibus não condiz com o serviço oferecido. “Os ônibus estão em situação precária. Eu sei porque eu pego ônibus de Benevides que vem sempre lotado, velho... é difícil”, afirma, ao lembrar que ainda não sabe como vai gerenciar os novos gastos. “Minha mãe também paga inteira e vai ficar ruim pra gente. Já separei os R$20 a mais para ir e para voltar, mas não sei como vai ficar no final do mês. Ainda não pensamos nisso”.

MEIA

Apesar de pagar meia passagem, a doméstica Francinete de Souza também não esconde que os R$0,10 - a meia passagem custa, agora, R$1,10 – a mais irão pesar no orçamento. “Não deveria aumentar porque acaba afetando a gente, independente de quem paga inteira ou meia”, acredita. “A qualidade do transporte é horrível. Às vezes, os motoristas passam por trás... Para que aumentar?”.

Apesar dos avisos nas janelas dos ônibus, não era difícil encontrar usuários do transporte público que ainda desconheciam o aumento. Vindo de uma viagem de férias, o trabalhador da construção civil Eduardo Cardoso chegou a Belém na noite anterior ao primeiro dia de cobrança da nova tarifa. Foi pego de surpresa. “Eu não tava sabendo disso. Voltei de viagem ontem (terça-feira) e não vi nada”, disse. “O transporte coletivo do jeito que está nem deveria aumentar”.

Diante do fato já consumado, Eduardo já imaginava o que teria que fazer para aumentar a renda. “A gente vai ter que se virar”, constatou. “Vou ver alguma outra coisa para eu fazer para cobrir esse gasto a mais, algum ‘bico".

Muitos passageiros desconheciam reajuste

Desde a primeira viagem que fez ontem, às 4h40, a cobradora Alessandra Lima teve que, além de recolher o dinheiro e passar o troco, dar a notícia do aumento. Segundo ela, não foram poucos os passageiros que ainda estavam desinformados.
“Muita gente não tava sabendo. A gente que tem que ficar mostrando o cartaz no vidro que diz que já aumentou e explicar”, afirma, ao lembrar que a nova tarifa também tem dificultado o troco para os passageiros. “Quando era R$2, era muito mais fácil passar o troco porque não tinha a fração. Agora vai precisar de mais moeda”.

(Diário do Pará)