Madrugar na fila não garante senhas

Como se não bastasse a longa fila do lado de fora da unidade de saúde, de uma porta lateral é possível ter uma ideia ainda melhor do problema da superlotação, que se estende também pelo lado de dentro.

Da entrada gradeada, o que se vê é a grande quantidade de pessoas que aguardam em todos os cantos possíveis da área destinada à recepção, mesmo que muitos ainda aguardem o momento de entrar. “Isso aqui é o tempo todo assim mesmo, não tem jeito”.

Já tradicional durante a madrugada, a longa fila que contorna a Unidade Básica de Saúde da Pedreira, localizada na avenida Pedro Miranda, é outro indício de que os atendimentos de saúde básica oferecidos hoje no município não dão conta de toda a demanda.

Encostada na grade externa da unidade, a diarista Tânia Silva aguardava o momento de ser informada sobre a possibilidade ou não de se consultar na manhã de ontem.

“O que deixa a desejar é essa situação da superlotação. É muita demanda, então nem sempre conseguem dar um atendimento como tem que ser”, acredita.

“Eu to aqui desde as 5h para ver se consigo consulta com dentista. Ainda vão aqui dizer se tem ficha”. Encarando pela primeira vez a necessidade de madrugar em busca de atendimento, o feirante Orivaldo Favacho, 64 anos, não escondeu a surpresa diante da multidão que já aguardava na sua frente. “É a primeira vez que eu tô vindo, mas me disseram logo que, se eu não viesse esse horário, não conseguiria ficha”, explicou.

“Eu me espantei com essa fila toda aí, ainda mais que eu sou o último, por enquanto. Pobre tem que batalhar mesmo, se não, não tem atendimento”.

CAPACIDADE

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou, em nota, que a Unidade da Pedreira recebe pacientes de todos os bairros, fazendo com que a demanda diária por atendimento seja superior à sua capacidade instalada.

A respeito do atendimento no ambulatório, a Sespa ainda informa que as fichas para as consultas disponibilizadas na Unidade de Saúde da Pedreira são distribuídas nos turnos da manhã e tarde.

São 16 fichas para cada 15 médicos clínicos que atendem no local. A secretaria ressalta ainda que o atendimento em urgência é feito durante 24 horas por dia.

(Diário do Pará)