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Novelino: Uma família marcada pelas tragédias

Na história da política norte-americana, a família Kennedy é vista como amaldiçoada. Mortes trágicas sempre rondaram a família desde 1944, quando o patriarca Joseph P. Kennedy, Jr. morreu na explosão de um avião no nordeste da Inglaterra em uma missão enq

Na história da política norte-americana, a família Kennedy é vista como amaldiçoada. Mortes trágicas sempre rondaram a família desde 1944, quando o patriarca Joseph P. Kennedy, Jr. morreu na explosão de um avião no nordeste da Inglaterra em uma missão enquanto pilotava na Segunda Guerra Mundial, até 1999, quando John F. Kennedy, Jr., filho do presidente John Kennedy, morreu na queda de um avião pilotado por ele, junto com a mulher e a cunhada.

Mesmo sem ter o alcance histórico e mítico da família Kennedy, os Novelino começam a gravar a ferro e fogo o sobrenome no rol de tragédias familiares na história recente de Belém. Primeiro foram os irmãos Ubiraci e Uraquitan Novelino, assassinados no dia 25 de abril de 2007, num dos casos mais violentos e nebulosos da crônica policial paraense em se tratando do andar de cima da camada social do estado.

No sábado, quase cinco anos depois, foi a vez de o deputado Alessandro Novelino morrer, vitimado pela queda de um bimotor próximo a Belém. O jovem político viajava numa aeronave modelo Sêneca, de prefixo PT–LAB, e desapareceu menos de 20 minutos depois de decolar na capital. Com ele estavam o piloto Roberto Campos e um assessor parlamentar.
Alessandro Novelino foi uma das peças-chaves para que o assassinato dos irmãos fosse desvendado em tempo acelerado pela polícia paraense. Empenhou-se completamente para que nada faltasse nas investigações.

Ubiraci e Uraquitan Novelino foram apanhados numa armadilha, articulada pelo ex-parceiro Chico Ferreira em conluio com o radialista Luiz Araújo. Com as mãos presas para trás por algemas, amordaçados e encapuzados, os dois foram espancados e estrangulados com mangueiras de borracha. Depois, foram enfiados em tambores metálicos e atirados na baía de Guajará a uma profundidade de quase 20 metros, atados por correntes a uma âncora e a um peso de concreto por 10 dias.

O primeiro a dar pela falta dos irmãos, foi o pai, o empresário e fazendeiro Ubiratan Lessa Novelino. A última vez que os vira havia sido às 18h30 da noite anterior, quando saíram da casa dele para ir a uma reunião com Chico Ferreira. A reunião trataria dos débitos que Ferreira contraíra com os dois irmãos. Ubiraci e Uraquitan eram empresários donos de postos de gasolina, entre outros empreendimentos. Mas também emprestavam dinheiro a juros, uma atividade que, feita por pessoas de menor escalão, é chamada de agiotagem. Políticos e empresários costumavam pedir dinheiro emprestado aos dois irmãos. “Eles eram justos, mas rigorosos na cobrança das dívidas”, diz um deputado que tomou dinheiro emprestado da dupla.

No dia 25 de abril de 2007, os dois irmãos esperavam resolver um impasse criado com Chico Ferreira, amigo de mais de década, a respeito de uma dívida que já estaria batendo, com os juros, na casa dos quatro milhões de reais. Encontraram a morte.

Os irmãos Novelino foram até a empresa de Chico Ferreira levando consigo vários cheques que representavam parte da dívida de Ferreira. Não era a primeira vez que se reuniam. Ferreira acenava com a possibilidade de quitação total da dívida num parcelamento em quatro vezes. O empresário queria reaver os cheques.

A reunião seria no auditório da Service Brasil. Um dia antes, todos os funcionários da empresa foram avisados de que o expediente encerraria uma hora mais cedo. Às 19h, os irmãos chegaram à Service Brasil, num Toyota Corolla de cor preta, emprestado de Júnior Alex Oliveira Ferreira, gerente da empresa VIP Semi Novos. Eles haviam atendido a um pedido de Ferreira para que não viessem num veículo próprio.

A consequência dessa reunião ganhou manchetes nos jornais e TVs. Os corpos desapareceram, mas não por muito tempo.

No dia 7, por volta das 14h30, após oito dias de intensa procura, o corpo de Ubiraci foi encontrado, o que foi confirmado pelos peritos do CPC Renato Chaves. O pai Ubiratan liga, animado, para o filho Alessandro: “Acharam meu filho”, disse. Mas ainda faltava o irmão, Uraquitan. Foram mais três dias até que este fosse localizado, no início da manhã do dia 10, mais de meio quilômetro de distância do irmão. Era o fim da angústia da família, que agora podia fazer o sepultamento dos irmãos. E também sepultava a intenção dos criminosos de que não pudessem ser condenados, caso os corpos não fossem encontrados. À época, Alessandro Novelino disse que não descansaria enquanto não fosse feita justiça. Ela veio. Todos os principais acusados foram condenados. Luiz Araújo, um dos algozes, já morreu. Cinco anos depois, o deputado segue a sina trágica dos irmãos.

ENTENDA O CASO

Os irmãos saíram às 19h do dia 25 de abril e só foram encontrados doze dias depois, a 17 metros de profundidade, na baía do Guajará, mortos e amarrados com correntes a blocos de cimento. O crime chocou pela frieza com que foi cometido.
Luiz Araújo foi apontado como intermediário que facilitou o assassinato. O empresário Chico Ferreira, acusado de ser o mandante do crime, planejou matar os irmãos por causa de uma dívida contraída.

O empregado, Luiz Araújo, tramou com Chico Ferreira para se livrar da dívida e propôs a eliminação dos irmãos Novelino. Proposta aceita, a realização do crime contou ainda com a participação do ex-policial Sebastião Cardias e do ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim de Sousa, contratado por Cardias.

Com tudo planejado, os irmãos Novelino foram atraídos para o auditório da empresa de propriedade de Chico Ferreira, a Service Brasil, para receber o pagamento da dívida. Após dispensar mais cedo todos os mais de trinta funcionários, o local era adequado para colocarem em prática a ação.

Simulando um assalto, os irmãos foram algemados, encapuzados e mortos a golpes de barras de ferro, para depois serem transportados em camburões até um porto na Estrada Nova, onde uma embarcação já previamente alugada os jogou amarrados a âncoras e peças de concreto no fundo da baía do Guajará.

O crime poderia ser perfeito se não fosse a ganância de Luiz Araújo, que, em vez de abandonar o automóvel Corolla das vítimas, acabou levando o veículo para o sítio “Gueri-Gueri”, para ser desmanchado por um mecânico.

A ação despeitou suspeitas dos vizinhos, que, desconfiados do trabalho noturno no sítio, acionaram a polícia. Luís Araújo foi o primeiro a ser preso; mais tarde, toda a quadrilha caiu nas mãos da polícia.(Diário do Pará)

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