Os professores da rede municipal de ensino, há mais de três semanas em greve, realizaram, ontem pela manhã, ato em frente ao Tribunal de Justiça do Estado (TJPA). Na última segunda-feira (16), os educadores ocuparam o prédio da Secretaria Municipal de Educação (Semec) buscando mediação de diálogo com o prefeito Zenaldo Coutinho.
Para o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), a gestão municipal está sendo intransigente e desrespeitosa ao se negar a negociar com a categoria. Hoje deve ocorrer audiência pública, na Câmara Municipal de Belém, onde os vereadores devem discutir o movimento dos servidores municipais.
A manifestação em frente ao TJPA ocorreu treze dias depois de o desembargador Roberto Gonçalves de Moura arquivar o processo que concedia liminar à prefeitura determinando a ilegalidade da greve. A intenção da assessoria jurídica do Sintepp é conseguir uma liminar favorável na Justiça que garanta o não desconto dos dias parados e inviabilize a contratação de professores temporários para ocupar vagas dos grevistas.
Walmir Brelaz, advogado do sindicato, conseguiu fazer com que o processo fosse redistribuído para o desembargador Constantino Guerreiro. A expectativa é que a decisão do TJPA saia até a próxima sexta-feira.
“Não há qualquer determinação judicial considerando a greve dos professores ilegal ou abusiva. Portanto, não há motivo para haver esse desconto dos dias parados, como ameaça a prefeitura. Os professores estão dispostos a repor essas aulas e, se houver esse desconto, aí sim os alunos vão ser prejudicados porque essas horas não precisariam ser repostas”, explica Walmir Brelaz.
PROCESSO
O advogado cita jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e do próprio TJPA para embasar o processo. Uma delas, do desembargador José Maria Teixeira do Rosário, afirma que os trabalhadores não podem ter a preocupação de sofrerem descontos durante a paralisação por estarem lutando por melhores condições de trabalho.
Em relação à contratação de professores substitutos, o assessor jurídico considera uma medida antipedagógica que fere o livre exercício do direito de greve. “A prefeitura não pode colocar qualquer empecilho que prejudique de alguma forma a paralisação. Os professores estão dispostos a negociar e vêm dando clara demonstração de que querem dialogar, portanto, cabe ao prefeito ouvir a categoria”, diz Walmir Brelaz.
Uma das principais reivindicações dos professores ligados à Secretaria Municipal de Educação (Semec) é o pagamento do piso salarial nacional, estabelecido em R$ 1.697, sem contar horas atividades e horas pedagógicas. Os servidores também pedem reajuste do vale-alimentação, que estaria congelado há mais de cinco anos, para R$ 500.
Outras demandas incluem discussão para implantação do PCCR (Plano de Cargos, Carreira e Remuneração) unificado, pagamento de adicional de insalubridade para pessoal de apoio, progressão horizontal, celeridade nos processos de aposentadorias, eleições complementares para direção das escolas e reforma e construção de novas unidades. Segundo o Sintepp, a prefeitura não se comprometeu em atender pontos do acordo firmado que pôs fim à greve do último ano.
(Diário do Pará)
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