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GERSON NOGUEIRA

Selvagens cães de guerra

Há uma guerra aberta e a primeira coisa a fazer é parar com essa conversa maneirosa de “torcida organizada”. Isso simplesmente não existe mais. O termo correto é “gangue uniformizada”. São delinquentes vestidos com camisas de suas respetivas facções, que

Há uma guerra aberta e a primeira coisa a fazer é parar com essa conversa maneirosa de “torcida organizada”. Isso simplesmente não existe mais. O termo correto é “gangue uniformizada”. São delinquentes vestidos com camisas de suas respetivas facções, que trazem ligeira referência às cores do clube pelo qual dizem torcer. No mais, ostentam simbologia própria, carregada de pinturas ameaçadoras, próprias para confronto. Não há bola, rosto de jogador ou chuteira desenhada. Enfim, nada que lembre futebol.

Antigamente, as torcidas uniformizadas mereciam essa denominação. Era comum ver em Belém grupos de amigos que se juntavam para torcer, desenhando escudos de Remo, Papão e Tuna (sim, a Águia Guerreira também tinha seus adeptos organizados) em faixas, bandeiras, balões, camisas e bonés. Havia alegria e companheirismo a alimentar um sentimento comum: o amor por um clube.

Na época, pontificavam a Sangue Azul e a Payxãonossa, representando as torcidas de Leão e Papão. Conviviam harmoniosamente, sem brigas ou ameaças. A rivalidade se restringia a mostrar o melhor espetáculo visual nos estádios. No Remo, os baluartes desse período foram José Miranda, Edilson Dantas e José Alencar, todos já falecidos. No Papão, a incansável Doutora Elza coordenava a Payxãonossa.

Bons tempos aqueles. O que aquelas torcidas faziam nas décadas de 60, 70 e 80 não tem a menor ligação com a barbárie que os grupos violentos de hoje promovem nos estádios, brigando entre si e contra qualquer um que julguem inimigo. Marcam duelos através das redes sociais, desafiam e debocham impunemente das forças de segurança.

Amanhã, em consequência de outra ação das gangues, o STJD julgará o Papão. Como reincidente, o clube pode ser penalizado com novo gancho. É bom lembrar que na atual Série C os bicolores só fizeram dois jogos em Belém, perante sua torcida. Por ironia, nas duas partidas (contra Fortaleza e Salgueiro) ocorreram cenas envolvendo as facções de delinquentes. O episódio que vai a julgamento ocorreu na reinauguração da Curuzu, quando um menor atirou garrafa PET no gramado.

Como a confirmar a velha máxima de que os dois rivais repetem sempre as próprias mazelas, o Remo também deve ir a julgamento nas próximas semanas pelo gravíssimo tumulto verificado em Bragança, domingo. Baderneiros promoveram desordens nas arquibancadas, soltando rojões e atirando pedras e tijolos. O jogo foi interrompido por dez minutos e o caso foi relatado com rigor pelo árbitro. Dificilmente o clube, também reincidente, escapará de um gancho.

Os remistas ainda não conseguiram disputar um jogo da Série D diante de seus verdadeiros torcedores. Mandam suas partidas em Bragança, cumprindo punição decorrente das brigas e confusões promovidas pelas gangues uniformizadas na temporada passada.

Nada disso vai acabar sem a ação enérgica e conjunta dos dois clubes. O problema se agrava enquanto ambos continuarem a agir isoladamente, achando que podem sozinhos resolver a situação. Historicamente, os dirigentes receiam enfrentar os bárbaros. Temem perder apoio político e, muitas vezes, até cultivam parcerias com as gangues. É o pior dos erros, pois a ação violenta dessas facções afasta a torcida e inviabiliza campanhas nas divisões nacionais.

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