Pará não aceita ser objeto de esbulho e espoliação

O ofício de Jader à presidente da República, aos ministros e à direção da Vale, pelo seu teor, foi rico em advertências. Ele lembrou, a propósito, que o grande patrimônio mineral da Vale está hoje concentrado em território paraense. Acentuou, ainda, que a mineradora tem sido beneficiada pela Lei Kandir, na medida em que retira daqui e exporta um volume considerável de minérios, limitando-se a dar ao Estado uma contribuição tributária mínima, “verdadeiramente desprezível”.

Relações de troca tão desiguais, segundo Jader, não podem perdurar. “O Pará não pode continuar sendo tratado impunemente como objeto de esbulho e espoliação, sob o risco de perpetuar sua situação de pobreza ante decisões socialmente perversas, tributariamente ilógicas e destituídas de toda e qualquer racionalidade econômica”, acrescentou.

À presidente Dilma Rousseff, destacou que ela deve avaliar o enorme – e talvez irrecuperável – desgaste ao qual ficam expostos a sua própria pessoa, bem como o ex-presidente Lula e todos os líderes políticos alinhados ao atual governo. “A confirmação da siderúrgica de Pecém, que sepulta de vez o sonho da Alpa, representa uma quebra de confiança, um trauma de reparação muito difícil criado pelo Governo da República em relação ao povo do Pará”, afirmou o senador, com a observação de que ficará no aguardo de urgentes providências e de informações sobre o assunto da parte do governo.

Da mesma forma, finalizou o senador, a própria direção da Vale precisa refletir sobre suas decisões e procedimentos quando estão em jogo os interesses do Pará. “A relação da mineradora com o Estado precisa ser reavaliada com urgência. Essa relação não pode continuar subsistindo na forma de escárnio e afronta”, completou.

(Diário do Pará)